Ouro Preto nasceu sob o nome de Vila Rica, como resultado da épica aventuras da colonização do interior brasileiro, que ocorreu no final do século XVII. Em 1698, saindo de Taubaté, São Paulo, a bandeira chefiada por Antônio Dias descortina o Itacolomi do alto da Serra do Ouro Preto, onde implanta a capela de São João. Ali, tem início o povoamento intenso do Vale do Tripui que, trinta anos depois, já possuía perto de 40 mil pessoas em mineração desordenada e sob a louca corrida pelo ouro de aluvião.
Em 1711, dá-se o conflito emboaba, luta pela conquista de terras entre paulistas, portugueses e baianos. O Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida, luta para implantar em Vila Rica a cobrança do quinto, devido à Coroa e assumir o comando do território, fazendo de Felipe dos Santos sua primeira vítima, em 1720.
Vila Rica cresce e exaure-se o ouro, mas cria uma civilização ímpar, com esplendor nas Artes, nas letras e na política.
A Inconfidência Mineira é o apogeu do pensamento político e faz mártires entre padres, militares, poetas e servidores públicos, liderados por Tiradentes.
Com a Independência, recebe o nome de Ouro Preto e torna-se a capital de Minas até 1897. É instituída Patrimônio da Memória Nacional a partir de 1933 e tombada pelo IPHAN em 1938. Em 1980 é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO.
O surgimento e apogeu da arte colonial em Minas Gerais - barroco mineiro - é um fenômeno inteiramente ligado à exploração do ouro, acontecido no século XVIII, que veio criar uma cultura dotada de características peculiares e uma singular visão do mundo.
A medida que se expandia a atividade mineradora, o barroco explodia na riqueza de suas formas, na pompa e no fausto de suas solenidades religiosas e festas públicas, vindo marcar, de maneira definitiva, a sociedade que se constituiu na região.
Ouro Preto - hoje Patrimônio Histórico Mundial - representa inquestionavelmente a síntese da arte colonial mineira, não apenas pela expressão de sua história mas pelas excepcionalidade do acervo cultural que preservou.
Ouro Preto. 30 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade
Segundo prefeito, o patrimônio simbólico imaterial também é singularíssimo.
Ouro Preto, na região central de Minas, comemora, neste domingo, 5 de setembro, 30 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade. O título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Paris, em 1980.
De acordo com o prefeito da cidade, Ângelo Oswaldo, “a decisão de apresentar a candidatura de Ouro Preto foi de Aloísio Magalhães, na época secretário de Cultura do Ministério da Educação e Cultura. ”A cidade histórica foi a primeira no Brasil a receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Hoje são 18 títulos no país, entre eles: Olinda (PE), o centro histórico de Salvador e Brasília", diz.
Segundo Oswaldo, Brasília é o “primeiro bem do séc. XX inscrito na lista do patrimônio", com os autores vivos Lúcio Costa e Oscar Niemayer. Em Minas Gerais, três cidades possuem o título da Unesco: Ouro Preto; Congonhas – com o Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinho; e Diamantina.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ressalta a importância do ciclo do ouro no século XVIII para o florescimento da civilização brasileira. O instituto explica ainda que a singularidade do patrimônio arquitetônico e artístico e o elevado estado de conservação fizeram com que Ouro Preto fosse acolhida sem ressalvas pela Unesco.
Para o escritor e diretor do Museu da Inconfidência Rui Mourão, “Ouro Preto chegou a patrimônio por causa da mineração no século XVIII. A mineração atraiu para Minas quase toda a população do país. As cidades históricas brasileiras não têm a monumentalidade de Ouro Preto. A riqueza do ouro é que produziu tudo aqui.” O diretor ainda defende uma divisão para a história brasileira, segundo ele: o século XVII foi nordestino – por causa da cana de açúcar –, o século XVIII foi mineiro, o século XIX foi carioca e o século XX foi paulista.
Os bandeirantes que vieram de São Paulo contribuíram muito com a construção de Ouro Preto, assim como os portugueses e os negros, explica Mourão. O escritor ressalta a contribuição dos negros. Ele conta que Ouro Preto surgiu por acaso. As pessoas chegavam à região por causa da mineração e se estabeleciam. Dois arraiais se destacaram: o de Nossa Senhora do Pilar e o de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias.
De acordo com Rui Mourão, não havia comunicação entre os aglomerados. Posteriormente, a famosa Rua Direita interligou a região. Segundo a prefeitura, Ouro Preto nasceu a partir do arraial do Padre Faria – fundado pelo bandeirante Antônio Dias de Oliveira, pelo Padre João de Faria Fialho e pelo Coronel Tomás Lopes de Camargo e um irmão dele, por volta de 1698. Em 1711, com a junção de vários arraiais, estabeleceu-se a cidade de Vila Rica. Quando a capitania de Minas Gerais foi criada, Vila Rica foi escolhida a capital, em 1720.
A história do Brasil está latente em Ouro Preto, tanto que a cidade também foi a primeira a receber o título de Monumento Nacional. O prefeito Ângelo Oswaldo conta que, em 1933, o então presidente Getúlio Vargas declarou, por meio de decreto, Ouro Preto como Patrimônio Nacional. O tombamento pelo Iphan veio em 1938. Rui Mourão acredita que o tombamento e o título conferido por Getúlio foram fundamentais para a preservação de Ouro Preto. “Se não fosse ele, a cidade teria se descaracterizado”, diz Mourão. Ele classifica Ouro Preto como “o maior patrimônio e mais bem conservado e cuidado que existe no Brasil.” Já o título concedido pela Unesco, Mourão avalia como uma consagração, uma confirmação da Importância de Ouro Preto. "O título de Patrimônio Universal da Humanidade ajudou a consolidar prestígio internacional da cidade", destacou o escritor.
Apesar do tombamento e das construções históricas, a cidade não parou no tempo. O diretor do Museu da Inconfidência acredita que “Ouro Preto não é uma cidade do interior, mas uma cidade metropolitana. A mentalidade aqui não é provinciana de maneira nenhuma”. Ele credita essa característica aos estrangeiros que visitam a cidade e transmitem coisas boas à população.
As pessoas que passaram e que vivem em Ouro Preto também são importantes na consolidação do Patrimônio Universal da Humanidade. Ângelo Oswaldo destaca dois nomes: Aleijadinho e Tiradentes.
O primeiro, Antonio Francisco Lisboa, nasceu e morreu em Ouro Preto (1738-1814). Segundo o prefeito, Aleijadinho é o patrono da arte do Brasil. Foi o primeiro artista brasileiro a exprimir um estilo próprio, “a primeira expressão brasileira de arte”. Já o alferes Joaquim José da Silva Xavier articulou em Ouro Preto nos anos de 1787, 88 e 89 a conspiração conhecida como Inconfidência Mineira – primeiro movimento significativo pela independência do Brasil. O prefeito explica que os dois grandes símbolos do Brasil – o patrono das artes e o patrono cívico da nação brasileira - são referências da história de Ouro Preto. “Isso faz com que a cidade também tenha, além do patrimônio material, o patrimônio simbólico imaterial singularíssimo”, concluiu Oswaldo.
Várias pessoas ilustres fizeram história em Ouro Preto. Nomes importantes passaram pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), uma das mais tradicionais do país: o ex-presidente Getúlio Vargas, o aviador Alberto Santos Dumont, o cantor e compositor João Bosco, o pai da siderurgia Amaro Lanari, o político e historiador João Pandiá Calógeras, Eliezer Batista, ex-presidente da Cia. Vale do Rio Doce, Joaquim Candido da Costa Sena, que foi presidente da província de Minas Gerais, entre muitos outros.
Cotidiano
Ouro Preto não parou no tempo. A cidade é agitada durante a semana, estudantes, turistas e a população local movimentam o centro histórico. No fim do dia, o trânsito é intenso. A feira de artesanato, que fica ao lado da igreja de São Francisco, funciona 12 horas por dia, de segunda a segunda. O casal Sérgio Aparecido de Oliveira, 45 anos e Cláudia Perpétua da Silva Fernandes, 40 anos possui uma barraca na feira há 25 anos. Eles relembram o passado, “as barracas ficavam no meio da rua e no chão”. Sérgio e Cláudia contam que vivem bem com o dinheiro ganho do artesanato. “Já compramos casa, carros...”. Sobre o título de patrimônio de Ouro Preto, o casal acredita que se não tivesse o título, teria sido descaracterizada.
Helton Saar, é estudante de Farmácia da Ufop, ele é natural de Ipatinga. Há dois anos vive em uma república em Ouro Preto. Segundo Helton, ele preferiu morar em uma república particular, pois “é melhor para estudar.” Saar disse que pretende se formar e continuar os estudos fazendo mestrado e doutorado. Entre as atrações turísticas da cidade, Helton destaca a igreja do Pilar e o Museu de Mineralogia da Escola de Minas. Mas para ele o melhor mesmo são as festas, chamadas em Ouro Preto de “rocks”.
As pessoas vêm de toda parte do Brasil. Marcela Silva Peixoto é baiana, de Itapetinga. Ela mora em uma república particular com outras cinco colegas. Marcela avalia sua estadia na cidade: “morar em Ouro Preto foi a melhor experiência que já teve. Aqui, a gente não se sente sozinho nunca.” Marcela conta que para fazer qualquer reforma, as repúblicas – federais e particulares – precisam pedir autorização. Ela não sabia, mas o patrimônio natural que cerca Ouro Preto também é tombado, como por exemplo o Parque do Itacolomi e a nascente do Rio das Velhas.
A questão do saneamento básico na cidade é uma prioridade, explicou o prefeito. Ângelo Oswaldo disse que foi criada uma autarquia que cuida da água e do esgoto. Ouro Preto não parou de crescer. Para preservar o centro histórico, a expansão é executada em distritos próximos, como Cachoeira do Campo e Amarantina.
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